Eu achei melhor, porque o enredo me parecia clamar por isso, localizar a história de Lilliah Blü numa terra imaginária. Escolhi o nome de Aahtoria, uma cidade-estado, gigante, envelhecida, triste e independente, um reino mágico, de criaturas incríveis, diferentes, e luz dançante, e brilho, e selvas urbanas e tanto mais.

A minha imaginação na criação deste novo universo seguiu basicamente dois caminhos, dois motivos principais. O primeiro: usar e abusar das homenagens; a segunda: utilizar vocábulos similares quando os seres vivos são parecidos. Eu penso que assim o leitor não ficará totalmente perdido e ainda tem a garantia do desafio, do divertimento de descobrir minhas fontes de inspiração e, também, imaginar com quais criaturas terrestres eu quero que a criatura aahtoriana se pareça. Não sei se todos gostarão ou concordarão, porém achei esse o melhor modo para controlar um pouco a minha fértil e febril imaginação.

Haverá muitos correspondentes pulando do imaginário de cada leitor para tornar-se realidade visual — eu estou inclusive criando uma espécie de dicionário —, exemplos: undcórnios, saaupus, líriis, bauterflies, vaagaluzis. Eu utilizei vocábulos similares para ilustrar melhor como são as criaturas em Aahtoria e gostei dessa ideia, mas existem aquelas com nomes bem distintos e estranhos, exemplos: tateehtni, puuhki, finames, miihk, aahtni-dominis, poosensus. Ou seja, um universo novo, inventado, curtido e divertido para enriquecer a leitura e, ao mesmo tempo, levar o leitor a utilizar a própria imaginação.

Além de palavras similares auxiliando o leitor a imaginar a vida em Aahtoria, há também as homenagens e menções. Liino vem de Linus (Linux), Aadon vem de Adão; o time mais violento dos jogos, Shinshius… Não quero entregar as homenagens, nem ajudar o leitor nessa brincadeira de descobre-descobre. Citações existem, homenagens, brincadeiras… Eu, inclusive, como disse a Kezia Martins, zoei a mim mesmo no livro quando fiz Lilliah Blü gostar de livros com mais diálogos.

É uma saga para jovens, então eu tomei a liberdade de me divertir sem tirar possibilidades. A selva rosa é cheia de vida incrível, as selvas urbanas são tristes, soturnas. Essa mistura combina com os dramas de um lugar apenas esperando o apocalipse.